História de Mical: Quem foi Mical na Bíblia?

Mical, uma mulher intrigante, cuja vida não é muito detalhada pelas escrituras, porém, naquilo que é exposto, nos traz importantes lições.

Ela era a filha mais nova do rei Saul, primeiro homem a ser ungido rei em Israel. Seu nome significava “aquela que é semelhante a Deus”. Além disso, as escrituras relatam que Mical foi a primeira esposa de Davi.

Anteriormente a ela, Saul já havia oferecido sua outra filha, Merabe, a Davi, no entanto, por razões não especificadas, ele acaba a concedendo em casamento a outro.

Como veremos, adiante, apesar de ser uma princesa, Mical não tem, em sua história, um belo desfecho, como nos contos de fada. As adversidades vivenciadas pareceram não terem sido suficientes para fazerem-na agir com a devida sabedoria quando ela, finalmente, estava no seu devido lugar. Em uma determinada situação, ela acaba tomando uma atitude que lhe custou muito caro.

Mical, esposa de Davi

Saul, pai de Mical, havia sido ungido rei sobre Israel, no entanto, reiteradamente, ele desobedeceu ao Senhor. Suas atitudes passaram a ser voltadas ao seu desejo de agradar aos homens e obter prestígio.

O Senhor, então, anuncia ao profeta Samuel que havia escolhido a Davi para ser o novo Rei de Israel.

Após isso, se passa o episódio em que Davi, com a permissão de Saul, por não haver outro guerreiro disposto, vence o gigante Golias e, então, protagoniza uma milagrosa vitória dos israelitas sobre os filisteus.

É a partir daí que Davi passa a ter notoriedade em Israel. O rei Saul o coloca a frente das batalhas e ele obtém êxito em todas elas. Por essa razão e, por já estar ciente de que Deus não mais perpetuaria seu reinado, Saul passa a odiar e perseguir Davi.

É neste contexto que, em determinado momento, numa de suas tentativas de destruir Davi, Saul, ao ouvir que Mical o amava, tem a ideia de oferecê-la como esposa a ele, propondo-lhe, em troca, que lhe trouxesse cem prepúcios de filisteus.

Saul imaginava que, com este plano, Davi não obteria êxito e seria morto. No entanto, Davi retorna com duzentos prepúcios de filisteus. Saul, então, o teme ainda mais, pelo que permaneceu sendo seu inimigo continuamente.

Em seguida, é narrado que Davi sai vitorioso de mais uma guerra contra os filisteus, motivo pelo qual Saul intenta mata-lo, novamente, mas ele acaba escapando e fugindo para sua casa. Mical o informa, então, que haviam mensageiros de seu pai o espreitando e que, portanto, deveria fugir. A bíblia relata que ela acaba o ajudando em sua fuga, porém, não foge com ele.

Davi, então, passa a ser considerado fugitivo e desertor, pelo que Saul acaba entregando Mical em casamento a outro homem, chamado Paltiel.

O casamento no contexto cultural de Mical

Nos tempos bíblicos, era natural que casamentos fossem arranjados pelos pais. Os sentimentos das partes não eram levados em consideração. O matrimônio era uma oportunidade de a família receber algum proveito. Muitas vezes os casamentos eram planejados anos antes da união, que ocorreria apenas quando se alcançasse a idade determinada.

Naqueles tempos, prevalecia o sistema patriarcal. O homem, o pai de família, era considerado mestre do seu lar. Os homens possuíam o poder decisório perante toda sociedade. Eles dominavam e exerciam autoridade sobre sua família, propriedades e diversas outras áreas.

Na cultura hebraica, existia a prática do pagamento de dote e troca de presentes. A família do noivo era quem pagaria um dote à família da noiva, diferentemente da cultura de muitos outros povos. O preço da noiva, ou o denominado “mohar”, era pago para se negociar a união. O noivo, também, presenteava a noiva. Este presente era denominado “mattan”.

Também era comum que os pais da noiva a presenteasse com algum bem ou propriedade. Podemos citar, como exemplo, Acsa, filha de Calebe, dada em casamento a Otniel, a qual, segundo as escrituras, solicitou, ao pai, terras com fontes de água, visto que, as terras que havia recebido de presente, ao se casar, eram terras secas (Josué 15:17-19).

Os referidos dotes, ou presentes, não precisavam ser monetários, necessariamente. Era possível que a negociação se desse por troca de bens ou prestação de serviços, como ocorreu, por exemplo, com Jacó, o qual trabalhou quatorze anos, para Labão, a fim de se casar com Raquel e, como vemos, também, com Davi, ao trazer duzentos prepúcios de filisteus a Saul, em troca de Mical.

O reencontro de Mical e Davi

Após a morte de Saul, Davi é ungido rei pelos homens de Judá e uma guerra se mantém entre a casa do falecido rei e a casa de Davi.

Abner, comandante do exército de Israel, acabou ficando responsável pela casa de Saul.

Em determinado momento, é narrado que Abner toma a iniciativa de propor uma aliança a Davi, segundo a qual ele o ajudaria a governar sobre todo Israel, desde Dã até Berseba, pelo que Davi solicita a Abner e a Isbosete, filho de Saul, a devolução de sua esposa Mical, em troca do acordo proposto.

Mical, então, é tirada de seu segundo marido, Paltiel, o qual, de acordo com as escrituras, a acompanha, até Baurim, em lágrimas, para ser devolvida. A partir daí, Mical retoma seu casamento com Davi.

Conforme podemos ver, Paltiel se entristeceu muito pela perda da esposa, o que indica o desenvolvimento de afeto nesse período de tempo em que permaneceram unidos.

Por outro lado, as escrituras não fazem menção alguma sobre a reação de Mical, naquele momento, tampouco sobre eventual sentimento que tenha desenvolvido em relação a Paltiel.

O que podemos, sem dúvidas, afirmar, é que Mical passara por situações muito delicadas e, por que não dizer, quem sabe, traumatizantes. Inicialmente, ela precisou lidar com a separação do primeiro marido, o qual amava, tendo que se casar com um segundo homem, o qual, de igual modo, acabou tendo que se separar.

Embora a segunda separação tenha sido para retornar o casamento com o primeiro e amado marido, Paltiel a despede em lágrimas, o que por si só não parece ser uma situação pela qual Mical pudesse comemorar.

O desfecho da história de Mical

As escrituras relatam que Davi intentava trazer a arca da Aliança para Jerusalém, cidade que havia conquistado.

Davi, então, faz uma primeira tentativa de translado, no entanto, um episódio o atemoriza: um homem, chamado Uzá, acaba morrendo ao tentar segurar a arca com a mão, após os bois que a levavam tropeçar. Por isso, as escrituras aduzem que o rei decidiu enviá-la a casa de Obede-Edom.

Em seguida, chegou ao conhecimento de Davi que Obede-Edom passou a ser abençoado pela presença da arca em sua casa. Por esta razão, o rei manda, novamente, trazê-la para Jerusalém.

A cada seis passos dados pelos homens que carregavam a arca, eram sacrificados bois e carneiros cevados. Davi dançava com todas as suas forças na presença do Senhor.

Neste momento, as escrituras relatam que Mical, ao ver Davi dançando e saltando, perante a arca, o desprezou em seu coração, pelo que, quando ele chega para abençoar seu lar, ela o recebe com palavras de reprovação quanto a seu comportamento, chegando a o comparar a um vadio, por ter dançado descoberto perante os servos, sendo ele um rei.

Davi, então, a repreende, alegando que o que fez foi se alegrar perante Deus. Após este episódio, a bíblia relata que Mical, simplesmente, nunca gerou filhos.

Mical demonstrou não partilhar da mesma alegria de Davi. Demonstrou se importar mais com o que os homens pensavam, do que em agradar a Deus. O privilégio de ter retornado para o esposo amado não pareceu suficiente para gerar a compreensão de seu papel como esposa do novo rei.

Como resultado de sua atitude, ela nunca teve filhos. Em outras palavras, o resultado de sua atitude levou a ratificação da sentença divina, segundo a qual a descendência de Saul não permaneceria com o trono de Israel.

História de mical.

Conteúdo do Artigo

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *